History of the British Cemetery
( História Do Cemitério Britânico )
There are several written histories of the British Cemetery in Lisbon, the most learned being that of Robert Howes of King's College, London published in 2005 by The British Historical Society of Portugal. This 227 page volume goes into a great deal of detail which is overly long for a shortish website history like this one. So I am taking the liberty of selecting highlights from his work, and others, and if you are interested to read further, I urge you to contact the Historical Society by email
( info@bhsportugal.org ) to purchase a copy of Mr. Howes' work.
There have been merchants, of course, living and working in Lisbon since the medieval period. All was well until the reformation and the adoption of a protestant faith in Britain. Portugal, as a Roman Catholic country, had a church which regarded all protestants as heretics and so extraordinary measures had to be taken to bury the protestant dead. Either they were buried at sea or, in Lisbon, packed into sugar boxes and ferried across the River Tagus and buried on the south bank, often at night, to avoid the attention of church authorities. If this was not done it invited desecration of the graves.
In 1654 a treaty was negotiated between Oliver Cromwell and King João IV of Portugal. Part of the terms were that English subjects, residing in Lisbon, should have a plot of land allotted to them "fit for the burial of their dead" situated in the Lisbon area. No action took place for sixty years owing to the objections of the Portuguese Inquisition. Then, in 1717, the Consul,
W. Poyntz, was able to report to Lord Methuen in London that he had been able to lease a suitable piece of ground for the burial of the dead. An adjacent piece of land was subsequently leased by the Dutch in 1723 with the same landlord as the British. Whereas the original British lease was lost in the 1755 Lisbon earthquake, the 1723 Dutch leases survives. Subsequent joint leases to the English and Dutch Factories ( a Factory describes a grouping of merchants in a particular foreign locale ) were made in 1729 and 1733. The triangular section at the bottom of Fig. 1 was the joint leased area ( See also Fig 2 ).
Várias obras foram escritas sobre o Cemitério Britânico de Lisboa, antes conhecido como Cemitério Inglês. A mais completa e académica tem por autor Robert Howes, do King´s College de Londres, e foi publicada, em 2005, por The British Historical Society of Portugal – A Sociedade de História Britânica de Portugal. Este volume de 227 páginas contém uma pormenorizada informação que é, no seu conjunto, excessivamente longa para uma breve website como esta. Assim sendo, tomo a liberdade de seleccionar algumas passagens mais relevantes desta obra, e de outras. Se o leitor estiver interessado em saber mais, recomendo-lhe vivamente que contacte The British Historical Society por email (info@bhsportugal.org) para comprar uma cópia do trabalho de Mr. Howest.
Desde a Idade Média, viveram e trabalharam em Lisboa mercadores de diversas nacionalidades, entre eles os ingleses. Até à Reforma e à adopção de uma fé protestante em Inglaterra, não existia um conflito religioso entre os membros da comunidade cristã. Depois da Reforma, a situação alterou-se. Portugal, como país católico romano, pertencia a uma Igreja que considerava todos os protestantes como heréticos. Por este motivo, medidas excepcionais tinham de ser tomadas para dar sepultura aos protestantes que morriam: umas vezes, os corpos eram sepultados no mar; quando em Lisboa, eram por vezes colocados em caixas de açúcar, transportados através do rio Tejo e sepultados na margem sul, frequentemente durante a noite, para evitar chamar a atenção das autoridades da Igreja. Assim se prevenia a profanação das campas, que poderia ocorrer se este secretismo não fosse respeitado.
Em 1654, Oliver Cromwell e o rei Dom João IV assinaram em Westminster um Tratado de paz e aliança. Segundo um dos seus termos, aos súbditos ingleses residentes em Lisboa deveria ser atribuída, nessa mesma área de Lisboa, uma parcela de terreno que fosse «apropriada para a sepultura dos seus mortos». A Inquisição portuguesa opôs-se e, durante sessenta anos, nada aconteceu. Em 1717, o Cônsul inglês, W. Poyntz, informou finalmente Lord Methuen, em Londres, de que tinha conseguido alugar um terreno que serviria para a sepultura dos mortos. Em 1723, os holandeses alugaram ao mesmo senhorio, para o mesmo fim, uma parcela de terreno adjacente ao primeiro. O original do documento do aluguer britânico perdeu-se no terramoto de 1755; o original holandês pôde, ao contrário, ser preservado. Em 1729 e 1733, foram assinados contratos de arrendamento conjuntos para a Fábrica Inglesa e a Fábrica Holandesa («Fábrica» é a tradução da palavra inglesa «Factory», que designa um agrupamento de mercadores num particular lugar estrangeiro). A secção triangular, em baixo na figura 1, mostra a área comum de arrendamento. (Ver também a Figura 2).
Fig 1: 1779 Plan of Cemetery { placed on the side to show its usual north/south orientation }
( Fig. 1: Planta do Cemitério em 1779 [colocada de lado para mostrar a orientação norte/sul habitual na planta] )
Fig 2: Plan of Cemetery showing English, Dutch and joint lease areas
( Fig. 2: Planta do Cemitério mostrando as áreas de aluguer britânicas, holandesas e as áreas comuns de aluguer )
The first Parish Registers began to be kept in 1721, so 2021 is the tercentenary of these valuable volumes detailing the baptism, marriage and burial of British protestants in Lisbon.
Fig. 1 shows the Cemetery as it was in 1779 and the plan has been rotated to show the view as it would appear from the present entrance on Rua São Jorge. However originally the main entrance was on the Travessa dos Ladrões, or Thieves Alley, on the right hand side of the figure ( this then became known as Rua Nossa Senhora dos Milagres and now as Rua da Estrela ). The Mortuary Chapel was located by this gate into the Cemetery in 1794. The inscription over the door of the Mortuary Chapel makes reference to this collaboration between the British and Dutch ( see Fig 3 below ).
Os primeiros Registos Paroquiais são de 1721. O ano de 2021 marcou, pois, o tricentenário destes valiosos volumes que informam sobre o baptismo, casamento e sepultamento dos protestantes britânicos em Lisboa.
A Figura 1 mostra o Cemitério como era em 1779. O plano foi rodado para mostrar a vista como apareceria quando olhada a partir da actual entrada da rua de São Jorge. A entrada principal do Cemitério era, contudo, originalmente, na Travessa dos Ladrões, no lado direito da imagem. A Travessa dos Ladrões passou a ser conhecida como Rua de Nossa Senhora dos Milagres e é hoje a Rua da Estrela. Em 1794, a Capela Mortuária foi colocada junto a essa entrada. A inscrição por cima da porta faz referência à colaboração entre os britânicos e os holandeses (ver, abaixo, a Figura 3).
Fig 3: Inscription over door of the Mortuary Chapel
( Fig. 3: Inscrição sobre a porta da Capela Mortuária )
One tradition says that the Cemetery had to be completely surrounded by trees on the insistence of the Inquisition "to hide the graves of heretics from the eyes of the faithful". Cypress trees also bordered the main path shown on Fig.1, a few of which still survive.
The earliest, still extant, headstone in the Cemetery is that of Francis La Roche who died on 5th February 1724 and was buried on the following day.
A tradição diz que, por insistência da Inquisição, o Cemitério tinha de ser completamente rodeado por árvores, «para esconder as campas dos heréticos dos olhos dos fiéis». Ciprestes ladeavam também a álea principal do cemitério, mostrada na Figura 1. Alguns, poucos, chegaram até hoje.
A mais antiga pedra mortuária existente no Cemitério, ainda hoje de pé, é a de Francis La Roche, que morreu em 5 de Fevereiro de 1724 e foi sepultado no dia seguinte.
Fig. 4: Headstone of Francis La Roche 1724
( Fig. 4: Pedra Tumular de Francis La Roche 1724 )
One of the most notable graves in the Cemetery is that of Henry Fielding. This English magistrate, novelist and playwright
( author of 'The History of Tom Jones' ) came to Lisbon in 1754 because he had gout, asthma, cirrhosis of the liver and other complaints and it was thought that the climate in Portugal would somehow bring about a cure. He wrote a journal of the trip entitled 'Journal of a Voyage to Lisbon'. Unfortunately it would be his last trip and he died in Lisbon on 8th October 1754. However all pages of the burial register are missing between June 1754 and August 1762, for an unknown reason, so no record of burial survives. In 1830 the monument below was erected by subscription. The location of Fielding's actual grave plot is unknown, however it is thought to be in the vicinity of this memorial.
Uma das mais notáveis sepulturas do Cemitério é a de Henry Fielding. Este magistrado, romancista e dramaturgo inglês (autor de A História de Tom Jones), veio para Lisboa em 1754 porque sofria de gota, asma, cirrose do fígado e outros males, e se pensava que o clima em Portugal traria de alguma maneira a cura. Escreveu um diário dessa sua viagem intitulado Diário de uma Viagem para Lisboa. Desafortunadamente, esta seria a última que faria, pois morreu a 8 de Outubro de 1754 na capital portuguesa. Não há registo do seu sepultamento, porque faltam todas as páginas do Registo de Sepultamentos de entre Junho de 1754 e Agosto de 1762. Não são conhecidas as razões do desaparecimento dos documentos. Em 1830 foi erigido por subscrição o monumento mostrado abaixo. É desconhecida a localização da verdadeira sepultura de Fielding, pensando-se, porém, que deve ser na proximidade do memorial.
Fig 5: Memorial of Henry Fielding
( Fig. 5: Memorial a Henry Fielding )
On 1st November 1755 the Great Lisbon Earthquake occurred. Although much of the city and the Benedictine monastery next to the Cemetery were devastated, the Cemetery was largely undamaged. However in the course of the new grave inscription survey I am carrying out, I have noticed areas where the land surface appears to have been raised, often obscuring parts of inscriptions. Sixty eight British people perished in the earthquake.
In 1779-80 a dispute arose between the British and the Dutch. It seems the British wanted to create a separate entrance on the eastern side of the Cemetery. At the same moment the Dutch consul Daniel Gildemeester decided to erect a large tomb to his son Jan Gildermeester in the British part of the Cemetery, just where this new entrance would have been constructed. He refused point blank to move the monument. Members of the British Factory became most irate about this but the British Consul-General had to intervene and remind the merchants that they had never specifically asked that their members have pre-eminence in that area. So Gildermeester's monument remains to this day at the end of a nicely paved path ( see Fig 6
below ).
No dia 1 de Novembro de 1755, Lisboa sofreu um terramoto de grandes dimensões. Enquanto a cidade e o mosteiro beneditino junto ao Cemitério foram devastados, o próprio Cemitério ficou na sua maior parte intacto. Sucede, porém, que, no decurso do trabalho de verificação e nova listagem das inscrições nas campas que estou a levar a cabo, notei a existência de áreas onde a superfície da terra parece ter sido levantada, frequentemente obscurecendo partes das inscrições, o que sugere danos causados pelo terramoto. Neste, sessenta e oito súbditos britânicos perderam a vida.
Em 1779-80 levantou-se uma questão entre os britânicos e os holandeses. Aparentemente, estes queriam criar uma entrada separada no lado oriental do Cemitério. Na mesma altura, o Cônsul holandês, Daniel Gildemeester, decidiu erigir uma imponente sepultura para o seu filho Jan Gildemeester na parte britânica do Cemitério e exactamente no mesmo ponto em que a nova entrada deveria ser colocada. O Cônsul recusou liminarmente mudar a localização da sepultura. Membros da Fábrica Britânica mostraram vigorosamente o seu descontentamento, mas o Cônsul Geral britânico interveio e teve de recordar aos mercadores que eles nunca tinham especificamente pedido que os seus membros tivessem proeminência naquela área. E assim o monumento dos Gildemeester continua até hoje no seu lugar, no fim de um caminho agradavelmente pavimentado (ver abaixo a Figura 6).
Fig 6: Tomb of Daniel and Jan Gildermeester
( Fig. 6: Túmulo de Daniel e Jan Gildermeester )
On 12th November 1807 the French General Junot invaded Portugal and occupied Lisbon on 30th November without opposition. The Royal family had narrowly escaped, with the help of the British, and were on their way to Brazil. The occupation of Portugal lasted until 1808 when the French forces were allowed to leave Portugal under the Convention of Cintra. From 1807 until 1811 there are no extant Parish Registers. There are theories as to what happened to them. One theory says they were sent to England and either lost in a shipwreck at sea or survive in an English repository. It has to be said that there is no record in the National Archives or any other British archive of these registers nor is there conclusive proof of either their shipment or loss at sea. They may lie hidden somewhere in Portugal but that is a task for any budding Sherlock Holmes out there willing to take on the challenge. The Registers, when they resume in 1811, are fragmentary for a number of years but I have tried to piece together information from other sources, such as The Gentleman's Magazine, to fill in detail throughout these lost years. Also the graves themselves provide detail of those buried in this period. However many graves will have been unmarked, especially for combatant casualties in the Peninsular War. There are thought to many soldiers buried under the present church of St. George.
In 1814 notice was given to the British Chargé d'Affaires, Louis Casamajor, that the owner of the Legation House, where services had been held up until then, wanted to repossess it that year. Therefore a new building had to be found. From 1815 to 1816 a building was leased for this purpose near the Necessidades Palace but it soon proved insufficient for the purpose. Various plots of land were considered for building a chapel but in 1819 it was decided to erect such a chapel on the military burial ground within the British Cemetery instead. The first chapel of St. George the Martyr was therefore dedicated in 1822.
A 12 de Novembro de 1087, o general francês Junot invadiu Portugal e, a 30 de Novembro, ocupou Lisboa sem oposição. A família real tinha saído mesmo a tempo, com a ajuda dos britânicos, e estava a caminho do Brasil. A ocupação durou até 1808, ano em que as forças francesas foram autorizadas a deixar Portugal nos termos da Convenção de Cintra. Não restam Registos Paroquiais dos anos que vão de 1807 a 1811. Sabe-se, contudo, que existiram, e há teorias sobre o que lhes pode ter acontecido. Segundo uma, os Registos Paroquiais foram enviados para Inglaterra e, ou se perderam no mar, no naufrágio do navio que os levava, ou foram preservados e estão ainda num depósito inglês. Deve dizer-se que não há, nem registo desses documentos nos Arquivos Nacionais ou em qualquer outro arquivo britânico, nem prova, ou do seu envio por mar, ou da sua perda num naufrágio. Podem estar escondidos algures em Portugal, mas encontrá-los é tarefa para um aspirante a Sherlock Holmes que queira aceitar o desafio. Os Registos Paroquiais recomeçam em 1811 e são fragmentários durante um certo número de anos. Tenho tentado reunir informação a partir de outras fontes, tais como o Gentleman’s Magazine, para preencher as lacunas deixadas por esses anos perdidos. As próprias campas fornecem informação sobre os que foram sepultados nesse período. Muitas campas não terão sido, porém, identificadas, e particularmente as dos combatentes mortos na Guerra Peninsular (1807-1814). Pensa-se que muitos soldados estão sepultados sob o que é hoje a Igreja de São Jorge.
Em 1814, foi dado aviso ao Encarregado de Negócios Britânico, Louis Casamajor, de que o proprietário da Casa da Legação, onde as cerimónias religiosas tinham tido lugar até então, queria, durante esse ano, tomar de novo posse dela. Assim, um novo edifício teve de ser encontrado para o mesmo fim. Entre 1815 e 1816, foi alugado um que ficava perto do Palácio das Necessidades e que rapidamente se revelou insuficiente para as funções a que se destinava. Foram consideradas várias parcelas de terreno para a construção de uma capela, mas, em 1819, foi decidido que tal capela seria erigida no chão de sepultamento militar dentro do Cemitério Britânico. A primeira Capela de São Jorge o Mártir foi, assim, dedicada em 1822.
Fig 7: The First Chapel
( Fig. 7: A Primeira Capela )
There must have been a lack of maintenance because by 1835 the chapel was in such a bad way that extensive repairs had to be carried out on it at a cost of around £215. in 1836 an organ was installed at a further cost of 600,000 Réis or around £150. One joyous occasion happened in July 1859 when the Prince of Wales ( later King Edward VII ) visited the Chapel for Matins. However a mere three months later another earthquake rocked Lisbon and serious damage was done to the Chapel, Parsonage and Cemetery boundary wall.
Then, on 8th April 1886, a fire started in the Chapel and within twelve hours the building was burned to the ground. Perhaps one of the greatest Chaplains in the history of the Cemetery, Canon Thomas Godfrey Pembroke Pope, came to the rescue and raised £1000 towards rebuilding within a month ! This, with the insurance compensation, allowed the start of rebuilding and a contract was placed on 20th April with Messrs. Medland & Powell. The building work took three years to complete with services being held, in the meantime, in the ballroom of the British Minister's house. The new Church of St. George was finally consecrated in 1889. This is the church you visit in the cemetery today.
Terá havido falta de manutenção do edifício, porque, cerca de 1835, a capela estava em tão mau estado que largos trabalhos de reparação tiveram de ser levados a cabo, com um custo de cerca de £215 (duzentas e quinze libras esterlinas). Em 1836, foi instalado um órgão, com o custo adicional de 600, 000 réis ou cerca de £150 (cento e cinquenta libras esterlinas). Em Julho de 1859 deu-se um feliz acontecimento, a visita do Príncipe de Gales (mais tarde rei Eduardo VII) à Capela para a oração de Matinas. Sucedeu contudo que, uns meros três meses depois, outro terramoto abalou Lisboa, causando grandes estragos na capela, na residência do Capelão (Parsonage) e no muro exterior do Cemitério.
E então, a 8 de Abril de 1886, um fogo eclodiu na Capela. Em doze horas, o edifício foi completamente destruído pelas chamas. O Cónego Thomas Godfrey Pembroke Pope, talvez um de entre os maiores Capelães da história do Cemitério, veio em auxílio e recolheu, em apenas um mês, £1000 (mil libras esterlinas) tendo em vista uma reconstrução! Essa quantia, e a indeminização do seguro, permitiram o começo da obra: em 20 de Abril, um contrato foi celebrado com os Senhores Medland & Powell. Os trabalhos levaram três anos. Durante esse tempo, as cerimónias religiosas tiveram lugar no salão de baile da casa do Ministro Britânico em Portugal. A nova Igreja de São Jorge foi finalmente consagrada em 1889. É a igreja que o visitante hoje encontra dentro do perímetro do Cemitério.
Fig 8: Canon Pope
( Fig. 8: O Cónego Pope )
During the 1899-1902 Second Boer War, Boer prisoners of war were sent to Portugal. Some died and although only one is buried in the Cemetery, a monumental cross was erected in 1913 to commemorate all who died whilst held in Lisbon, with inscriptions in both English and Dutch. Johannes Christoffel Nel is buried beneath the monument.
Durante a Segunda Guerra dos Bóeres (1899-1902), prisioneiros de guerra bóeres foram enviados para Portugal. Alguns aqui morreram. Embora só um esteja sepultado no Cemitério, uma cruz monumental for erigida, em 1913, para lembrar todos os que morreram enquanto retidos em Lisboa, com inscrições em inglês e em holandês (neerlandês). Sob o monumento está sepultado Johannes Christoffel Nel.
Fig 9: The Boer War Monument
( Fig. 9: O Monumento da Guerra dos Bóeres )
During the Second World War many servicemen who lost their lives were buried in the British Cemetery. Their graves come under the auspices of the Commonwealth War Graves Commission who help fund their maintenance. These headstones are of an iconic nature and will be recognised by any who have visited other war grave sites around Europe and beyond ( See Fig 10 below ).
Durante a Segunda Guerra Mundial, muitos membros das Forças Armadas britânicas, e de outras nacionalidades associadas ao Império britânico, que perderam a vida, foram sepultados no Cemitério Britânico de Lisboa. As suas campas estão sob os auspícios da Commonwealth War Graves Commission (CWGC – Comissão para as Sepulturas de Guerra da Commonwealth), que contribui para os fundos de manutenção. As lápides destas campas possuem uma natureza icónica e serão reconhecidas por qualquer um que tenha visitado outros locais de sepulturas de guerra na Europa e fora dela (Ver, abaixo, a Figura 10).
Fig 10: Commonwealth War Graves in Section G1
( Fig. 10: Sepulturas de Guerra da Commonwealth na Secção G1 )
The Chaplain during this period was Harry Frank Fulford Williams. For anyone interested in the history of the British Cemetery, Fulford Williams is of immense importance. Although a survey of headstone inscriptions had been carried out in 1824, Fulford Williams set to complete a new survey in 1943. Until 2019, when I started my own inscription survey, this work was an essential tool to any church officer or researcher wanting to know who was buried in the Cemetery. His work has been an invaluable aid to me where stones have become worn over the decades to the point where they are very hard to read any more. Although he had his quirks and sometimes wrongly recorded inscription content ( he had a real desire to record 'correct' latin even if that was not how the actual inscription read ) he is considered a giant in the historical record of the Cemetery. He also recorded graves where no headstone had been erected and so provides detail to the grave markers with just a number written upon them. In my survey I am recording these people so visitors might know who is buried there.
He also left a record looking forward to the next event in the Cemetery's history, of graves due to be moved in years to come. Why? Well in 1942 it was decided, after the construction of a new monument to Pedro Álvares Cabral, to cut a new road along the southern boundary of the Cemetery north of the Estrela Gardens. The Council did not want to take much land from the gardens so they opened negotiations to purchase or expropriate a large area of the southern part of the British Cemetery. The contemporary plan of this area below show the parts envisaged to be lost. Many Jewish graves would have to be moved as well as British ones. The old entrance would have to be relocated and the Mortuary Chapel reconstructed in another location. In all 777 square metres would eventually be lost. Much argument resulted and agreement was not reached until 1948. The sums gained were used to buy the freehold of land in Rua da Estrela and Rua Saraiva de Carvalho including what till recent decades were the British Hospital and Estrela Hall. During this major alteration to the Cemetery, the Mortuary Chapel had to be moved from one end of the Cemetery to its present position, brick by brick. An amazing feat. A new caretaker's house was also constructed at the same time.
There was an ancient superstition that anyone who touches a Jewish grave is himself liable to suffer a violent death, and strangely, Duarte Pacheco, who first put forward the enterprise, died in a car crash within twelve months of his original proposal.
This new road became Rua São Jorge and the present entrance was erected fronting that road, preserving the carving which had been over the original entrance on Rua da Estrela, now proudly positioned over the new gates.
Durante este período, o Capelão era Harry Frank Fulford Williams. Para qualquer pessoa interessada na história do Cemitério britânico, Fulford Williams é de imensa importância. Embora uma listagem das inscrições das pedras mortuárias tivesse sido levada a cabo em 1824, em 1943 Fulford Williams impôs-se a tarefa de completar uma nova listagem. Até 2019, quando comecei a minha própria listagem, esse trabalho de Fulford Williams constituía uma ferramenta essencial para qualquer responsável da igreja ou qualquer investigador que quisesse saber quem estava sepultado no Cemitério. O seu trabalho tem sido para mim uma ajuda de incalculável valor quando me deparo com pedras mortuárias tão gastas pelo tempo que são difíceis de ler. Fulford Williams tinha as suas singularidades e por vezes registava incorrectamente o conteúdo da inscrição mortuária (tinha um verdadeiro desejo de registar um latim «correcto» mesmo que não fosse esse o que se podia ler na inscrição autêntica); apesar disso, é considerado um gigante no registo histórico do Cemitério. Registou também campas para as quais não tinha sido construída uma lápide mortuária, permitindo assim fornecer informação sobre o sepultamento e a identidade da pessoa sepultada a partir apenas do número inscrito numa pedra tumular. Na minha listagem, registo os nomes dos que foram sepultados desta maneira, para que os visitantes saibam quem está sepultado em cada campa.
Fulford Williams deixou um registo que antecipava o acontecimento seguinte na história do Cemitério – o de campas que deveriam mudar de localização em anos próximos. Porquê? Porque, em 1942, depois da construção de um monumento a Pedro Álvares Cabral, foi decidido abrir uma nova via no limite sul do Cemitério, a norte do Jardim da Estrela. A Municipalidade não queria retirar muito terreno ao jardim e, assim, abriu negociações para comprar ou expropriar uma extensa área da parte sul do Cemitério britânico. O plano do Cemitério como era antes dessas obras, abaixo, mostra as partes que seriam perdidas. Muitas campas judaicas teriam de ser mudadas, e o mesmo sucederia com muitas sepulturas britânicas. A entrada tal como era não poderia continuar no mesmo lugar e teria também de ser mudada, e a Capela Mortuária teria de ser reconstruída noutro ponto do Cemitério. No total, 777 metros quadrados seriam perdidos. Seguiu-se muita discussão e só em 1948 se chegou a um acordo. As somas ganhas pelo Cemitério com a venda do terreno foram usadas para comprar outros terrenos, na Rua da Estrela e na Rua Saraiva de Carvalho, incluindo aqueles em que até há pouco se situavam o Hospital Britânico e o Hall da Estrela (Estrela Hall). Durante esta grande modificação do Cemitério, a Capela Mortuária teve de ser mudada, pedra por pedra, do limite do terreno em que se encontrava para a sua presente localização – o que foi em si mesmo um feito espantoso. Na mesma altura, foi também construída uma nova casa para o guarda do Cemitério.
Segundo uma antiga superstição, todo aquele que interfere com uma campa judaica fica sujeito a sofrer uma morte violenta. Estranhamente, Duarte Pacheco, que deu início a este projecto, morreu num acidente de automóvel em 1943, um ano depois da apresentação da proposta original.
A nova via que foi construída tornou-se a Rua de São Jorge, com a presente entrada do Cemitério erigida de frente para ela. Foi preservado o baixo-relevo que estava na entrada original da Rua da Estrela e hoje se mostra orgulhosamente por cima dos novos portões.
Fig 11: Plan showing the lost parts of the Cemetery when Rua São Jorge was constructed
( Fig. 11: Planta das partes perdidas do Cemitério quando da construção da Rua de São Jorge )
Fig. 12: Original Carving from above the old entrance to the British Cemetery
( Fig. 12: Baixo-Relevo Original tal como estava por cima da Antiga Entrada do Cemitério Britânico )
If you walk around the British Cemetery today, which is a very pleasant experience with its many trees, plants and wildlife, you will see monuments to many nationalities and faiths. There are British, Dutch, Portuguese, American, German and many other nationals buried here. There are not only Protestants but Catholics, Jews and Baha’i as well. It is a sanctified space where you truly feel at peace.
In 2019 I started a completely new grave inscription survey, which not only includes updated records ( with photographs ) of graves featured in the 1824 and 1943 Surveys, but will bring the record of graves up to the present date. It is a work in progress but can be seen, with permission, at the Cemetery. Below are plans showing the sections of this survey in the Northern and Southern parts of the Cemetery ( See below Figs: 13 & 14 ).
O visitante que passeie hoje no Cemitério britânico – o que é uma experiência muito agradável devido às muitas árvores, e outras variadas plantas, e à vida selvagem que nele se encontra –, verá monumentos a pessoas de muitas nacionalidades e fés. Britânicos, holandeses, portugueses, americanos, alemães, e muitas outras pessoas de diferentes nacionalidades estão aí sepultadas. Não são apenas protestantes, são também católicos, judeus e bahá’í. O Cemitério é um espaço santificado onde o visitante se sente verdadeiramente em paz.
Em 2019, comecei uma verificação e uma listagem completamente nova das inscrições tumulares. Esta não incluiu apenas registos actualizados (com fotografias) das campas mencionadas nas Listagens de 1824 e 1943, mas trará o registo das campas até à actualidade. É um trabalho em curso, mas pode ser consultado, sob autorização, no Cemitério. As plantas abaixo mostram as secções desta listagem nas partes norte e sul do Cemitério (Ver, abaixo, as Figuras 13 & 14).
Fig 13: Northern part of Cemetery
( Fig. 13: Parte Norte do Cemitério )
Fig 14: Southern part of Cemetery
( Fig. 14: Parte Sul do Cemitério )
It has been a great pleasure not only become acquainted with the personalities buried in the Cemetery, but also with all those who freely give of their time to administer, care for, and help in the running of both the Cemetery and the Church of St. George. It is to them that I dedicate this short history and this website in honour of the truly beautiful and historic British Cemetery in Lisbon.
Tem sido um grande prazer, não apenas tornar-me familiar com as personalidades sepultadas no Cemitério, mas também conhecer todos aqueles que livremente dão o seu tempo para administrar e tomar conta, não só do Cemitério mas da Igreja de São Jorge, e que participam na gestão diária de ambas as instituições. É a essas pessoas que dedico esta breve história e esta website em honra do verdadeiramente belo e histórico Cemitério britânico de Lisboa.
John Pead BSc.
May 2023